Docker III: A Dockerfile

Agora sim, vamos ler a nossa Dockerfile pouco a pouco e entender o que houve. A mentalidade que é preciso ter lendo esse arquivo é a de que o Dockerfile é a interface entre seu computador real e a imagem sendo construída, portanto é com ela que você irá mover arquivos de sua máquina para dentro da imagem.

Relembrando, a Dockerfile completa pode ser encontrada na página Docker I. A maior parte dela está comentada para facil entendimento.

# Herda da imagem do debian
FROM debian

Falamos sobre herança de imagens na página anterior, é exatamente o que fazemos aqui. Todos os comandos a seguir levam em conta que estamos no ambiente provido pela imagem debian.

Note que essa imagem pode sempre mudar: Caso alguém atualize a imagem debian, os nossos builds seguintes irão utilizar a imagem nova, mantendo a nossa imagem sempre atualizada também. Quando essa não é a intenção, e controle de versão é mais importante, é possível específicar uma versão da imagem, por exemplo debian:jessie ou debian:buster. A parte depois do : é a versão específica da imagem.

# Instala o npm
RUN apt update
RUN apt install -y npm
# Atualiza o npm
RUN npm install -g npm 

O comando RUN roda o comando na imagem. Por exemplo, RUN ls rodaria o comando ls, simples o suficiente.

Mas como assim, imagens podem rodar comandos?
O que o Docker faz, na verdade, é criar um container intermediário com a imagem anterior, executar o comando, e em sucesso, criar uma imagem intermediária nova para os comandos seguintes.

# Cria o diretório /app
# e instala as dependências do /app lá
# note que WORKDIR tanto cria o diretório
# quanto troca para ele (cd /app)
WORKDIR /app

o comando WORKDIR foo é muito parecido com RUN mkdir -p foo && cd foo, exceto que RUN cd foo não é levado para os comandos seguintes, pois é parecido com criar um terminal novo, executar cd nele e logo após isso fechá-lo. Isso não muda o diretório no terminal anterior!

Logo, é necessário usar esse comando para dizer que todos os próximos comandos são executados dentro do diretório /app.

COPY package.json .
COPY package-lock.json .

Primeiramente, o comando COPY tem a seguinte sintaxe: COPY <arquivo(s) da máquina física> <destino na imagem>
Logo, estamos copiando o package.json e package-lock.json do nosso projeto para dentro da pasta /app.

Segundo, por que não estamos movendo a pasta inteira de uma vez? Afinal, tudo vai estar lá alguma hora ou outra.

A razão para essa escolha tem a ver com o cacheamento do Docker (o que vou falar mais a fundo em uma próxima página). Essencialmente, o Docker é esperto, e o docker build só irá realizar o trabalho necessário. Se esse trabalho já foi feito antes, o Docker só pega da memória o que ele fez anteriormente.

Um exemplo disso é a linha que contém FROM debian. O Docker não irá baixar a imagem do Debian toda vez que for reconstruir sua imagem!

Se nós tivessemos colocado para mover a pasta inteira de uma vez, toda vez que houvesse uma alteração no index.js, essa operação teria que ser repetida, já que não há garantias que esses dois arquivos permaneceram os mesmos.

Isso é particularmente ruim pois a próxima linha é essa:

RUN npm install

que instala arquivos da internet e potencialmente é um comando que pode demorar bastante tempo. Para evitar isso, copiamos o index.js depois de instalarmos as dependências do projeto, para que uma alteração no projeto não force todas as dependências dele a serem reinstaladas toda vez.

# copia o nosso app para dentro da imagem
COPY index.js .
# Esse é o comando que será rodado quando você executar o `docker run`
CMD ["npm", "start"]

Por fim, temos o comando CMD. Esse comando especifica os argumentos que serão passados para o comando especificado por ENTRYPOINT, que por sua vez é o comando rodado pelo docker run. Por padrão, o ENTRYPOINT é /bin/sh -c.

Logo, quando executamos docker run meu-app, Um container com a imagem meu-app é criado, e esse container executa /bin/sh -c npm start. Para entender melhor a diferença entre ENTRYPOINT e CMD, veja essa resposta no stack overflow.

Ahá! Desconstruímos a nossa Dockerfile. Para saber ainda mais sobre builds, contextos de builds, e a Dockerfile, consulte a própria documentação do Docker. Ela é fantástica e explica muito bem o que acontece.

Docker II: Familiarização